À Conversa com Mário Elson

À Conversa com Mário Elson

À conversa com...

Mário Elson, atleta português que bateu o recorde do Grande Trail Serra D’Arga em 2017, surpreendeu a comunidade do Trail ao ficar a 40 segundos de bater o recorde da Gerês Extreme Marathon, prova sempre ganha pelo Búlgaro Mihail Lalev, especialista em provas de estrada.


CSNE: Mário, 2018 foi mais uma época fantástica. Para quem esteve tanto tempo ao serviço de Portugal, em missão no exército, quais os momentos que destacas desta época? 


Mário Elson: Tenho vários momentos para destacar. A despedida dos Abutres, a única prova que repeti, a primeira vitória internacional em França em fevereiro, a estreia no UTMB na distância OCC 50km, o Ultra Pirinéu que é a distância mais longa que fiz até agora e selou o apuramento para o UTMB 2019, a vitória no Mondego Trail, a primeira depois de 6 meses em África, o pódio no Nacional de Ultra Trail no Zêzere, ter terminado uma das provas mais "loucas" que há memória que é o Pisão Extreme, ter vencido a Gerês Extreme Marathon que era o grande objetivo do ano e a missão em África, que foi muito difícil em todos os aspectos que possam imaginar, mas foi bastante enriquecedora em experiências vividas. A maior desilusão foi o Mundial de Trail Running em Penyagolosa, não pelo resultado, mas sim pelo que vivi até lá chegar e não gostei da experiência durante os dias que lá estive. Está posto de parte uma futura participação da minha parte mesmo que me viesse a apurar, felizmente não aconteceu. A maior tristeza foi o fim da Dr. Merino/4moove, esta equipa era um pedaço de mim, felizmente estou numa equipa que me acolheu excepcionalmente, que é o NAST. A maior alegria sem dúvida que é ter estado no UTMB e ter apoiado a namorada para que ela concluísse com sucesso os 170km e conseguiu.





CSNE: Um dos teus grandes objetivos em 2018 era fazer a Maratona do Gerês e tentar bater o recorde. Sendo tu, neste momento, um atleta de Trail (onde se perde velocidade para provas de estrada) e o recorde ser já um objetivo bastante audaz, acabaste por surpreender tudo e todos e faltou-te apenas 1 segundo por quilómetro para bater o recorde. Achas que nesta prova, onde se combina estrada com desníveis consideráveis, os especialistas de Trail e de estrada estão em igualdade?    


Mário Elson: Correr é correr, seja em trilhos ou estrada, em pista ou corta-mato. Sejam elas curtas ou longas distâncias. Felizmente já ganhei provas em todas as superfícies. No caso do Gerês Extreme Marathon um especialista de estrada tem muita vantagem. Porque as subidas conseguem-se fazer todas em corrida, em ritmos altos e em regimes cardíacos altíssimos. Um atleta de trail normalmente trabalha em cadências mais lentas, e em ritmos cardíacos também um pouco mais lentos. O que me faltou nesta prova foi ter arriscado, devia ter sido mais rápido a reagir à primeira subida. Ao km 2 quando me vi sozinho na frente tive receio de ir rápido demais e na primeira subida perdi cerca de 2min para o que tinha planeado. A partir daí fui atrás do prejuízo e tive pena que já não desse.





CSNE:  Todos sabemos que és um apaixonado pela Montanha e pela superação pessoal. Um dos aspetos que te caracterizam é a tua estratégia ser sempre a mesma: “ir à morte” vencer ou “ser vencido”. Esse método é apaixonante para a comunidade porque cria espetáculo, incerteza e superação ao limite. Vais continuar a ter esta atitude nos teus desafios e a apaixonar Portugal ou vais alterar a estratégia em 2019?   


Mário Elson: Eu não sei correr de outra maneira. E tenho aprendido bastante ao longo destes 27 anos que levo de corridas. Este meu estilo é muito parecido ao dos americanos. E podem ter a certeza que será assim que vou abordar as provas em 2019, seja no Sistelo, na TransPeneda Gerês ou nos 170km do UTMB.  



CSNE:  "Ele vai louco…, só aguenta até ao fim do Vertical…, só aguenta até à Montaria…" eram comentários que se ouviam de abastecimento em abastecimento no GTSA 2017. O que sente um atleta como o Mário quando em 2017, na Serra D’Arga, poucos acreditavam que poderias vencer, muito menos tirar 15 minutos ao recorde?


Mário Elson: Sinto que poderia ter dado mais. Houve poucos sítios onde arrisquei, levava um plano, ele resultou, mas nunca fui além do que tinha planeado. Consistia andar a topo mas tinha vários pontos de referência, desde ritmos, batimentos cardíacos, consumo de energia, etc. em vários pontos da serra. Na descida para a Montaria senti que tinha a prova ganha. A partir daí fui sempre muito rápido mas sempre com reserva de energia caso alguém se aproximasse como aconteceu no Pincho. Mas estava muito bem e reagi muito bem. A Serra D'Arga é a minha serra.




CSNE: Já tens calendário fechado para 2019? As provas da Carlos Sá Nature Events fazem parte dos teus grandes objetivos? Se sim, quais e porquê?


Mário Elson: O 2019 e o 2020 já estão praticamente fechados. O Carlos Sá é a maior referência nacional e o nosso trail Runner mais conhecido internacionalmente. Para mim também é uma referência, como atleta, pessoa e também organizador. Adoro as provas que organiza, pela pessoa que ele é, pelo cunho pessoal que coloca nas provas e pelos locais escolhidos que são dos meus preferidos. Em 2019 vou fazer a TransPeneda Gerês 80km, a Ultra Sky Marathon da Serra Amarela e o Penacova Trail do Centro ou tento bater o recorde da Gerês Extreme Marathon, que sei que me está nas pernas. Um dos meus objetivos é fazer o pleno de vitórias em todas as provas do Carlos Sá Nature Events. Já levo duas (risos).

 


CSNETemos hoje em Portugal grandes atletas e muitas e boas provas. No teu entender, quais as grandes diferenças entre as grandes provas nacionais e as internacionais?


Mário Elson: Para mim não há diferença nas organizações. Até acho que as portuguesas, nomeadamente as do CSNE muito mais bem organizadas do que a maioria internacionais. O que há é uma distância sentimental enorme das pessoas com a montanha. Temos muitos praticantes de trail, porque o trail está na moda e com a oferta de provas que há consegue-se praticar com baixos orçamentos. Mas amantes da montanha há muito poucos. Treino nas montanhas, nomeadamente no Marão e Montemuro e faço muitas horas sem ver ninguém. Isso não acontece no estrangeiro. Lá fora as pessoas vivem a montanha e isso reflete-se nas provas e na adesão. 



CSNE: O Carlos Sá lançou, neste ano de 2018, um calendário muito variado. O que achas deste circuito?


Mário Elson: É o melhor leque de provas que existe de uma organização. Muito variado, para todos os gostos, mas acima de tudo destaco o cunho pessoal do Carlos Sá em todas as provas, e nós sentimos isso,e destaco também a beleza dos locais escolhidos. Só pelas paisagens e pelos pequenos paraísos que vemos já vale o dinheiro investido na inscrição, mesmo ainda antes de correr. Quando vou às provas do CSNE sinto que não vou só para correr, vou sim para experienciar. A corrida é só mais uma das coisas que têm para me oferecer porque o evento é muito mais que isso.



CSNE: Todos sabemos que treinas muito e fazes muitos sacrifícios, mas sempre com um sorriso no rosto e com muitos amigos por perto. Tens agora uma nova equipa. O que podemos esperar dessa nova familia?


Mário Elson: Treino bastante, também não podia ser de outra forma, pois gosto da competição para além de conciliar isso com o gosto pela montanha e pela natureza. Adoro o que faço, como faço e principalmente com quem faço. Não ando nesta modalidade por dinheiro, por tentar chegar a uma equipa ou patrocínio de topo.




Claro que concilio isso com o gosto com a competição como referi anteriormente. Quanto ao NAST, só tenho a agradecer aos meus amigos que me convidaram. Estive para correr individual, o fim da Dr. Merino/4moove abalou-me porque estava sentimentalmente muito ligado à equipa, e não me via a correr com outra camisola num futuro próximo. Mas dois dos meus melhores amigos, o Miguel e o Domingos, também saíram da "Merino" e convidaram-me para o NAST e eu pela muita estima e amizade que lhes tenho não lhes podia dizer que não. Fui muito bem recebido, muito acarinhado, e os nossos objetivos passarão por ganhar as provas todas onde estivermos presentes. Penso que um pouco influenciados pela minha maneira de ser, acreditam que tudo é possível. E eu também acredito.



***


Mário, em nome da equipa Carlos Sá Nature Events, desejamos-te um Santo e Feliz Natal e que 2019 se traduza na realização dos teus sonhos. Temos um enorme carinho, respeito e admiração por ti e por todos os atletas que, como tu, fazem deste desporto uma filosofia de vida, sempre em respeito pela natureza e pelo próximo. 

 

Obrigado.

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